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Continue mergulha no caos e na sensibilidade com estreia arrebatadora em “Imenso Nada”

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Banda Continue - Credito Di Kenai
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O primeiro álbum da banda Continue é daqueles que não se contentam em apenas ser ouvidos – ele exige ser sentido. Imenso Nada nasce como uma colisão entre caos, poesia e sensibilidade, um retrato visceral de uma geração que oscila entre a urgência e a fragilidade.

Ao longo de suas 11 faixas, o grupo do ABC Paulista mistura hardcore, pop punk, indie e emocore com ecos da cultura brasileira, criando um caldeirão sonoro onde peso e delicadeza convivem em tensão permanente. “Dando vazão aos fluxos criativos do imaginário”, como canta a faixa-título, a Continue constrói um disco que não teme transitar entre o grito e o silêncio, entre a fúria e a contemplação.

A vocalista Natália Zanellato guia a jornada com interpretações que soam como catarse coletiva, enquanto Bruno Molino (baixo), Diogo Marino (bateria), Alê Kaimer (guitarra) e Rafael Fernandes (guitarra) sustentam o terreno instrumental com energia e inventividade. Não é à toa que Natália define o trabalho como “o retrato mais fiel do que gostaríamos de comunicar em termos de poesia e experiência sonora”.

O resultado é um álbum que respira intensidade. “Lavadeiras” e “Falsa Visão”, já conhecidas como singles, aparecem ainda mais afiadas no contexto do disco. “Cerrando os Dentes” e “Síndrome de Harpia” traduzem a inquietação como motor criativo, enquanto “Céu do Planetário”, assinada pelo poeta Paulo Roberto Machado, abre espaço para um lirismo rarefeito. Já “Do Lado Certo” traz a participação de Edu Zambetti e reafirma o compromisso da banda com narrativas de pertencimento e resistência.

Mais do que música, a Continue entende arte como experiência expandida. Isso se reflete em trabalhos anteriores – do stop motion em “Autocontrole”, que discutia a violência contra a mulher, ao mergulho queer de “Adicta”, produzido via Lei Aldir Blanc. Essa postura, de enxergar a criação como atravessada por outras linguagens e pelo cotidiano, é o que dá ao disco um frescor pouco comum no rock nacional recente.

A ficha técnica ajuda a explicar a força do álbum: produção conjunta da banda com Marcus Ariosa, mixagem e masterização por Gabriel Zander, voz produzida por Alexandre Capilé, além de participações de Kiko Bonato (teclas/synth) e um coro que amplifica ainda mais a densidade emocional das faixas.

Com passagens por festivais como Demo Fest, Lets Go Grrls e Rock Fest Vans, a Continue já mostrava ser um nome promissor do underground paulista. Com Imenso Nada, confirma-se como uma das bandas mais interessantes da cena atual, capaz de traduzir afetos e inquietações em música sem medo de soar vulnerável, política e brutalmente honesta.

Imenso Nada já está disponível em todas as plataformas digitais.

 

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