Em tempos de faixas pensadas para viralizar em quinze segundos, o UmQuarto escolhe a contramão. “O Roxo e o Verde”, novo single da banda catarinense, é uma ode à escuta atenta: dessas que exigem fone, silêncio e entrega. A faixa abre o caminho para o terceiro álbum do grupo, Fora de Lugar, com lançamento marcado para o dia 28 de outubro, e já anuncia: aqui, o rock ainda é espaço de risco, de suor e de invenção.
Gravada ao vivo, sem metrônomo, sem correções digitais e sem a obsessão pela perfeição técnica, a música resgata a crueza que moldou o gênero progressivo nos anos 70. É como se o UmQuarto tivesse atravessado o tempo para encontrar o espírito de bandas como King Crimson, Genesis e traduzindo tudo isso com sotaque brasileiro e pés firmes na psicodelia moderna. O resultado é um som denso, orgânico, que pulsa com a energia de quem realmente está tocando junto, no mesmo espaço, respirando o mesmo ar.
Os versos escritos por Rafael Salib e o poeta Fábio Lisbôa mergulham na reflexão sobre o tempo e a pressa, temas que se entrelaçam à própria estética do single. “O Roxo e o Verde” não se apressa em chegar a lugar algum. É música que constrói o próprio caminho, abrindo espaço para os silêncios, para o improviso e para o acaso. A introdução, que recria o clima de uma passagem de som, é puro cinema sonoro: você sente a plateia chegando, a tensão do pré-show, até que o som explode em camadas de guitarra, teclado e a cozinha do baixo e bateria.
Há um senso de maturidade e liberdade criativa raro no cenário atual. Mayer Soares (baixo), Rafael Salib (guitarra), Bernardo Flesch (teclas) e Rafa Nogueira (bateria) tocam como quem se conhece de outras vidas, pois cada instrumento encontra o seu espaço, sem competição, sem ansiedade. É uma comunhão sonora. A escolha de tocar sem click track não é apenas técnica: é uma declaração de princípios. O UmQuarto parece dizer que a música precisa voltar a respirar, a errar, a se mover organicamente, como um corpo vivo, e não um algoritmo.
“O Roxo e o Verde” é, em última instância, um gesto político. Em meio a uma indústria que mede relevância por streams e não por substância, o UmQuarto entrega uma faixa longa, complexa e desobediente. É o tipo de som que pode até não se encaixar em playlists, mas que se aloja na memória de quem ainda acredita que a música pode ser experiência e não apenas produto.
Com esse lançamento, o UmQuarto não apenas revisita o passado glorioso do rock progressivo: ele o reimagina sob o olhar do presente, com a coragem de quem sabe que estar fora de lugar é, muitas vezes, o único modo de continuar sendo arte.
Ficha técnica
Banda UmQuarto: Mayer Soares (baixo e voz), Rafael Salib (guitarra e voz), Rafa Nogueira (bateria), Bernardo Flesch (teclas e voz) | Produção musical: Felippe Pompeo | Captação e gravação: Maurício Peixoto (Bárbaro Estúdio) | Mixagem: Mayer Soares | Assistente de mixagem: João Peters | Edição: Lucas de Sá (Lab de Sá) | Masterização: Xei | Fotografia: Manu d’Eça | Artista gráfica: Vênnus (Josi Santos) | Produção executiva: Emanueli Dalsasso (Dalsasso Produtora) | Assessoria de imprensa: Orbe Comunicação.
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