A inteligência artificial (IA) tem transformado diversos setores, e a música não é exceção. O uso de IA na música abrange várias áreas, desde a composição e produção até a personalização de experiências auditivas e o gerenciamento de direitos autorais. Dentre os últimos lançamentos que repercutiram em nível mundial é a “última música” dos Beatles, “Now and Then”, lançada em novembro do ano passado, surpreendendo fãs e críticos ao redor do mundo.
O lançamento gerou grande expectativa, especialmente após Paul McCartney revelar que a voz de John Lennon foi recuperada utilizando a Inteligência Artificial (IA), sem recriação sintética, mantendo a autenticidade original.
Outro destaque de grande repercussão, porém não autêntico como a música dos Beatles, foi a gravação “Heart on my Sleeve”, também realizada com Inteligência Artificial, conseguiu simular as vozes de The Weeknd e Drake, a partir de padrões identificados em outros registros vocais deles disponíveis on-line. O rap melódico, que versa sobre a artista Selena Gomez, foi tocada mais de 10 milhões de vezes no TikTok antes de sumir da plataforma.
Para o engenheiro de som Pedro Laet, que afirma utilizar a ferramenta em seu trabalho, transformando a forma como mixagens e produções são realizadas, esse tipo de tecnologia é revolucionário. Porém, deve ser usado com ética e respeitando os direitos autorais, e considerar que ainda há muito o que se discutir em relação ai I.A.
“Eu uso bastante um aplicativo chamado Audio Shake, que utiliza IA para separar os instrumentos de um arquivo estéreo. Faço muitas mixagens em Dolby Atmos de músicas antigas, e muitas vezes as gravadoras não têm mais os arquivos separados de bateria, baixo, entre outros. Esse aplicativo é essencial para isso. Com ele, consigo pegar um arquivo estéreo e separar os diferentes elementos musicais, permitindo criar mixagens em Atmos ou para outras finalidades”, afirma Pedro Laet.
O impacto da IA evidenciado no mais recente lançamento dos Beatles, onde a gravação de John Lennon foi separada da trilha de piano, possibilitando a construção de um novo arranjo em torno de sua voz, Pedro destaca: ” Existem outros aplicativos de AI bacanas assim pra composição de música. Por exemplo, o Suno, que está bem famoso, que você escreve um tema, um estilo de música e ele dá várias ideias de música. Serve também quando o compositor está sem grandes idéias.É uma ferramenta que, obviamente, não gera o produto final, mas serve para instigar a criatividade”, explica.
Dicas de Pedro Laet para novos profissionais
Ainda que a Inteligência Artificial seja capaz de reproduzir muito do que é feito por profissionais, o mercado profissional da música
Pedro Laet também compartilha valiosas dicas para aqueles que desejam ingressar no mercado da indústria musical:
- Produza Constantemente: Quem quer ser produtor tem que produzir! Mesmo que seja uma música ou uma pequena ideia por dia, é importante praticar continuamente para aprender e se desenvolver.
- Fique Atualizado com as Novas Tecnologias: Esteja sempre atento às novas tendências tecnológicas, especialmente com a chegada da IA. Existem muitas ferramentas novas sendo lançadas, e é crucial estar na crista da onda. Quanto antes você começar a aprender a usar essas ferramentas, melhor.
- Compreenda o Passado para Inovar no Futuro: É importante entender como as coisas eram feitas no passado e por que as novas tecnologias foram desenvolvidas. Conhecer os processos antigos e as soluções atuais pode ajudar a adaptar as novas ferramentas às suas necessidades.
Pedro enfatiza que a combinação do conhecimento técnico e a experiência somados à adaptação às novas tecnologias é essencial para qualquer profissional da música. “A indústria está mudando muito rapidamente, e sempre há algo novo. A adoção precoce dessas tecnologias pode trazer grandes benefícios a todos, desde que usadas com conhecimento e ética”, acredita.
Sobre Pedro Laet
O engenheiro de som Pedro Laet que, em meio a diversos nomes indicados e vencedores dos maiores prêmios da televisão e da música (Emmy e Grammy), conquistou seu lugar na indústria mais competitiva do mundo. Natural do Rio de Janeiro, com infância e adolescência preenchida com uma ampla variedade de tradições musicais e com formação inicial de guitarra, sua vida tomou nova proporção ao graduar-se na Berklee College of Music, em Boston. Radicado, atualmente, em Los Angeles, Pedro está entre os engenheiros de áudio e produtores musicais do The Village Studio, por onde já passaram Rolling Stones, B. B. King e Bob Dylan, até os artistas atuais como Lady Gaga, Coldplay, além da vasta lista de trilhas sonoras criadas e produzidas para séries e filmes.