Entre latas transformadas em percussão e um microfone vintage que parece saído de um porão dos anos 1940, a Big River segue sua trilha sonora própria, marcada por poeira, misticismo e muita originalidade. O duo formado por Julio Camelo (guitarra e voz) e Alex Nunes (percussão) acaba de lançar “A Presa”, novo single que antecipa o aguardado disco de estreia da banda, misturando o faroeste imaginado do interior capixaba com o peso lírico das mitologias urbanas recifenses.
Com direção de Tommy Bellone, o videoclipe que acompanha a faixa mergulha na estética crua e folclórica que já virou marca registrada da Big River – e dá forma visual ao lirismo sombrio de “A Presa”, uma composição que, segundo Julio, começou como uma canção de amor, mas acabou se transformando num conto selvagem sobre desejo, violência e a fome que transforma humanos em feras. “É um ser-lobisomem que objetiva devorar o outro, não reconhecendo como pessoas”, explica o músico, que também assina a direção conceitual do clipe.
Misturando influências que vão de Johnny Cash a Alceu Valença, a Big River é o tipo de banda que desafia classificações simples. Sua sonoridade é construída na confluência do folk norte-americano, do rockabilly e do blues com os ritmos e histórias do Brasil profundo. O duo já carrega no currículo apresentações em festivais alternativos como Orla Festival, Festival Mangue Negro, Prainha Vive e Blues de Inverno – sempre chamando atenção pelo caráter performático e pela força da presença cênica.
Com raízes fincadas na cultura popular e no imaginário místico, a banda encontra na estética do faroeste – com seu clima de perseguição, redenção e destino – uma forma de narrar as contradições e intensidades da vida no interior brasileiro. “A gente gosta de contar histórias, trazer o rústico, o folclórico, o que existe de brutal e poético no cotidiano”, diz Julio.
“A Presa” está disponível nas plataformas digitais, e o clipe pode ser conferido no YouTube. O álbum de estreia da Big River está previsto ainda para este ano e, se o novo single for indicativo, o disco deve ser uma viagem sonora pelas trilhas não asfaltadas da música brasileira.